CCR promete crescer EBITDA em 8% a 10% — e quer sócio em mobilidade

A CCR divulgou hoje sua visão estratégica para 2035 — prometendo crescer seu EBITDA num ritmo de 8% a 10% por ano, ao mesmo tempo em que mantém sua alavancagem controlada em 2,5x a 3,5x EBITDA.

O guidance foi divulgado durante o Investor Day da gigante de infraestrutura, que aconteceu hoje cedo em São Paulo.

A CCR também disse que espera que a receita de seus negócios adjacentes — como varejo, real estate e publicidade — responda por mais de 10% do top line até 2035, em comparação aos 6% de hoje.

Outros compromissos: reduzir o opex/receita líquida dos atuais 40,3% para 38% em 2026 e para 35% em 2035, entregar um total shareholder return acima do custo de capital e manter um payout de 50% do lucro líquido. 

O CEO Miguel Setas disse que os números devem ser vistos como uma “visão direcional” do negócio, “do caminho que vamos percorrer.” 

“Mas os ciclos de planejamento estão ficando cada vez mais curtos, então naturalmente vai ser preciso fazer ajustes ao longo do percurso,” disse ele. 

O CEO disse que as premissas por trás do crescimento do EBITDA incluem a expansão orgânico dos ativos atuais, que virá do crescimento da economia; a extensão de alguns contratos atuais, principalmente em mobilidade urbana; e a conquista de novos ativos, nos leilões que estão previstos para os próximos anos. 

“Tudo isso compõe o crescimento. Mas esse é um cenário mais conservador, com um ritmo mais lento de conquista de novos ativos,” disse ele. “Se a conquista de novos negócios for maior, esse crescimento do EBITDA poderia subir para um low double digits.”

Para os próximos anos, há mais de R$ 190 bilhões em novos projetos a serem licitados nas áreas de atuação da companhia: rodovias, aeroportos e mobilidade urbana (metrô, trem e VLT). 

Setas disse, no entanto, que a CCR será muito “seletiva” na escolha dos ativos que vai investir. “Cada real, cada dólar dos investidores vai ser utilizado com uma disciplina financeira ferrenha,” disse o CEO. 

Para entrar nos novos projetos, a CCR disse que uma das alternativas será a reciclagem de capital. A companhia estimou que poderá reciclar entre R$ 5 bilhões a R$ 10 bilhões nos próximos anos — com a maior parte disso vindo da venda de uma participação minoritária na plataforma de mobilidade urbana da companhia. 

A CCR também avalia vender alguns ativos específicos que já não façam sentido do ponto de vista de risco e de geografia, além de buscar sócios minoritários em ativos específicos. 

“A grande maioria dos recursos vai vir da plataforma de mobilidade urbana e de aeroportos. Em mobilidade, queremos trazer um sócio relevante para aumentar a capacidade da plataforma de investir e crescer. Em aeroportos, nossa ideia é contribuir com a nossa plataforma dentro de outra e fazer parte de uma plataforma maior, global,” disse o CFO Walder Perez. 

O executivo disse que há dois objetivos por trás da reciclagem de capital: além de liberar recursos para novos investimentos, ela vai jogar luz sobre o valor real dos ativos da companhia. 

O CFO também detalhou de onde virá a redução de custos. Segundo ele, a CCR mapeou alavancas que vão gerar uma redução de R$ 500 milhões até 2026 — incluindo uma gestão melhor do custo de energia, a terceirização de algumas atividades, a revisão de estruturas das plataformas e o investimento em novas tecnologias, como robotização e automatização. 

“É um trabalho de formiguinha. Não tem bala de prata. Mas já temos 100 iniciativas identificadas e vamos fazer um gerenciamento contínuo para ter essa captura,” disse ele. 

No evento, a CCR também detalhou as negociações que tem feito com o poder concedente para o reequilíbrio de alguns contratos. 

O vp jurídico, Roberto Penna, disse que só no ano passado a companhia conseguiu fechar 10 reequilíbrios, que somaram R$ 2,8 bilhões — e, segundo ele, ainda há mais por vir. 

“É normal no ambiente de concessões se criar passivos regulatórios e a negociação dos reequilíbrios é um trabalho constante das plataformas de negócios. Então, temos sim previsões de novos reequilíbrios este ano,” disse o executivo.

Do ponto de vista de de-risking contratual, um dos temas mais relevantes hoje na empresa é a MSVia, um ativo que tem sido um detrator do resultado. 

Roberto disse que está sendo negociado com o Governo do Estado uma repactuação ampla do contrato, com novas tarifas e condições. “Vai ser um de-risk do contrato atual e a assinatura de um outro contrato, completamente novo.”

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