A mudança na carteira do Verde depois da piora fiscal

“Não entendo como pude acreditar que haveria seriedade fiscal num governo do PT.”

Luis Stuhlberger, fundador da Verde, repetiu variações dessa frase durante o evento anual da gestora, hoje de manhã em São Paulo.

Para ele, a economia brasileira “não está ruim”: a inflação diminuiu, a queda de juros melhorou o ciclo de crédito, as contas externas estão em ótimo estado.

O grande problema é o aumento do risco fiscal. O arcabouço fiscal foi alterado com facilidade, o orçamento virou “peça de ficção” e ficou claro que “o governo vai fazer o que for para ganhar a inflação”, afirmou.

Diante disso, e do cenário de juros altos no exterior, o espaço para cortar a Selic diminuiu (a Verde projeta 9,75% até o fim de 2024, e a manutenção desse patamar ao longo de 2025, enquanto as estimativas do Focus apontam 9% para o próximo ano).

A “regra não escrita”, disse Stuhlberger, é que a Selic fica, no mínimo, entre 4 e 5 pontos percentuais acima dos Fed funds: hoje, esse diferencial está em 5,4, número que deve cair depois da decisão do Copom de amanhã: a previsão média do mercado é de mais um corte de 0,25 p.p da Selic.

O cenário atual levou a mudanças importantes no portfólio da Verde. A gestora zerou os investimentos em NTN-Bs – que chegaram a responder por 27% do patrimônio – e passou a investir cerca de 40% do patrimônio em TIPS, títulos americanos indexados à inflação (de 5 e 10 anos).

“Once in a lifetime opportunity”, disse Stuhlberger sobre as TIPS. O retorno desses títulos subiu – o de 10 anos paga inflação mais 2,25% ao ano – e o diferencial em relação à NTN-B melhorou.

Ao mesmo tempo, a exposição em ações brasileiras caiu de 15% para 10%. “A Bolsa brasileira está barata, mas há muito outflow, fora o risco fiscal.”

Os investimentos em Bolsa no exterior ficaram em 5% do patrimônio. O fundo também tem aplicações em pré e crédito no Brasil, está comprado nas moedas de Índia e México e também em dólar.

Stuhlberger lembrou que a inflação americana caiu rápido no início do ciclo de aperto monetário, mas “empacou” em torno de 3,5%. Com isso, o mercado passou a prever que os juros americanos podem ficar altos – em torno de 4% – por mais tempo. “Se isso for verdade, a maneira como investimos terá de mudar de forma permanente”, já que a remuneração dos ativos sem risco será mais elevada.

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