Xiaomi 15T: ótimo celular, péssima estratégia [Análise]

A Xiaomi produz alguns dos smartphones mais interessantes e poderosos do mercado, figurando no top 3 de marcas mais vendidas globalmente. No entanto, sua estratégia de lançamentos no Brasil, em parceria com a DL, parece ser uma das mais ineficientes para ganhar mercado. O Xiaomi 15T é um exemplo perfeito disso.

Ele é posicionado como o top de linha atual da empresa no Brasil, embora no portfólio global seja a versão “light” da família principal – algo semelhante ao que a Samsung faz com os modelos FE. A ideia é ser o celular de ponta com o melhor custo-benefício.

Após duas semanas testando o Xiaomi 15T intensamente, posso dizer que ele é um aparelho ótimo em quase tudo, com apenas algumas melhorias mínimas necessárias aqui e ali. E, mesmo assim, é impossível recomendá-lo para basicamente qualqer brasileiro. Nesta análise, explicamos o porquê.

DESIGN: de que materiais é feito o Xiaomi 15T?

No design, o 15T alcança uma aparência premium sem depender de materiais tradicionalmente caros. A tela é protegida pelo Gorilla Glass 7i, com bordas finas e simétricas. O corpo é de plástico de alta qualidade com laterais retas, e a traseira é de fibra de vidro, o que ajuda na resistência a impactos e disfarça marcas de dedo com seu acabamento fosco.

Proteções: Frente de vidro (Gorilla Glass 7i), corpo em plástico, traseira em fibra de vidro;Certificação: IP68 de resistência a poeira e água;Extras: Case de silicone incluso na caixa.

O aparelho é grande, com um peso equilibrado para seu tamanho. O leitor de digitais óptico fica sob a tela em uma posição acessível e funciona de forma rápida e precisa. A certificação IP68 traz tranquilidade contra acidentes com água.

Dimensões (L x A x P): 7,8 x 16,32 x 0,75 cm;Peso: 194 gramas.

DISPLAY E ÁUDIO: a tela do Xiaomi 15T é boa?

O conjunto de tela do Xiaomi 15T é excelente. O painel AMOLED de 6,83 polegadas tem resolução “1,5K” (acima do Full HD), taxa de atualização de 120 Hz e pico de brilho de 3.200 nits, garantindo ótima visibilidade mesmo sob sol forte. Ele também oferece suporte a HDR10+ e Dolby Vision. A única ausência notável é a tecnologia LTPO, o que significa que o ajuste de atualização não é tão eficiente em economizar energia.

Tela: AMOLED de 6,83”, 2772×1280 pixels (“1,5K”), 120 Hz, HDR10+, Dolby Vision, pico de 3.200 nits.

O áudio complementa a experiência com alto-falantes estéreo de muito boa qualidade, mesmo em volumes elevados. A combinação da tela (com ótima definição, cores e contraste) e o áudio competente resulta em uma experiência audiovisual de nível top de linha.

HARDWARE: Desempenho de topo de linha (do ano passado)

Por dentro, o aparelho é equipado com o MediaTek Dimensity 8400 Ultra, um chip com performance ligeiramente superior ao Snapdragon 8s Gen 3. Na prática, ele entrega um desempenho de celular top de linha de cerca de um ano atrás, o que é mais do que suficiente para qualquer tarefa.

CPU: MediaTek Dimensity 8400 Ultra (4 nm);RAM: 12 GB LPDDR5X;Armazenamento: 512 GB (UFS 4.0).

No uso diário, o 15T executa tudo com fluidez, desde a troca de apps até jogos pesados com gráficos no máximo, sem sinais de sofrimento.

Conectividade: 5G, eSIM, Wi-Fi 6e, Bluetooth 6.0, NFC e navegação completa (GPS, Beidou, Glonass e Galileo).

A bandeja de chip suporta dois SIMs físicos, mas o eSIM só pode ser usado em substituição ao segundo chip. Não há suporte para expansão via cartão microSD. Um recurso curioso é a “Comunicação Offline Xiaomi”, que promete chamadas diretas entre aparelhos compatíveis a até 1,3 km de distância, mesmo sem sinal de celular, usando apenas Bluetooth.

SOFTWARE: HyperOS 3.0 (Android 16) traz melhorias notáveis?

O 15T vem de fábrica rodando o HyperOS 2.0 (baseado no Android 15), mas já recebeu update para o HyperOS 3.0 (Android 16). A promessa internacional é de 4 atualizações do sistema (indo até o Android 19) e seis anos de updates de segurança – uma política boa, mas inferior às 7 versões do sistema operaciomal oferecidas por Samsung, Google e Apple.

Software: HyperOS 3.0 (Android 16)

A usabilidade é familiar, mas práticas antigas da Xiaomi persistem: o sistema vem com bloatware e sugestões de download. Mais irritante é o fato de a loja de apps própria da marca, por vezes, baixar aplicativos de propagandas automaticamente, sem interação do usuário. A prática é potencialmente perigosa e é irritante ter que desinstalar os apps instalados um por um depois.

No lado positivo, os recursos de IA (Xiaomi HyperAI, Gemini, Circule para Pesquisar) estão presentes e funcionam de forma similar aos concorrentes – às vezes úteis, às vezes falhos. Os recursos de edição de imagem na galeria funcionam bem, embora dependam da nuvem. No entanto, em nossa unidade de teste, a função de “apagar objetos” apresentou uma falha, iniciando o processo mas muito raramente o concluindo.

CÂMERAS: parceria com a Leica melhora fotos e vídeos?

O 15T traz um conjunto de câmeras muito competente, com lentes em parceria com a Leica.

Câmera frontal: 32 MP, f/2.2;Câmeras traseiras: principal de 50 MP, f/1.7, com OIS + teleobjetiva de 50 MP, f/1.9, com zoom óptico de 2x + ultrawide de 12 MP, f/2.2 (120º).

As fotos diurnas são excelentes em todas as câmeras, com boa definição, cores e HDR. À noite, o modo noturno automático também gera ótimas imagens. O zoom óptico de 2x é curto para os padrões atuais, e o zoom digital de 60x tem qualidade muito baixa. Selfies são ótimas de dia, mas à noite perdem muito detalhamento sem o flash de tela.

Foto tiradas com o Xiaomi 15T: 

Para vídeos, a câmera traseira grava em 4K a 60fps com ótima estabilização ótica, enquanto a frontal fica limitada a 4K a 30fps.

Vídeo: 4K@60fps (traseira) e 4K@30fps (frontal)

BATERIA: tem boa duração?

A bateria teve um resultado aceitável, mas um pouco abaixo do esperado para sua capacidade de 5.500 mAh.

Bateria: 5.500 mAhRecarga: 67W com fio (carregador incluso na versão nacional)

Em uso moderado, o aparelho frequentemente terminava o dia com menos de 20% de carga. Em dias de uso intensivo, com jogos, a bateria acabava no meio da tarde. A recarga de 67W promete 100% em cerca de 50 minutos, mas não pudemos verificar esse tempo, pois nossa unidade de teste importada não veio com o carregador.

VALE A PENA? O problema fatal do preço

Se o Xiaomi 15T é um aparelho bonito, robusto, com tela ótima, hardware poderoso e câmeras competentes, por que não o recomendamos? A resposta está na estratégia de preços da Xiaomi Brasil.

Este aparelho, pensado para ser o “acessível” da linha premium, está sendo lançado no Brasil por R$ 6.900.

Preço oficial: R$ 6.899,99 à vista (ou R$ 7.499,99 parcelado)

Por esse valor, é possível comprar um Galaxy S25+ com 512 GB – um flagship verdadeiro, superior ao 15T em muitos aspectos – e ainda economizar mais de R$ 2.000. Para uma marca como a Xiaomi, que cresceu vendendo aparelhos mais potentes por preços menores que os das rivais, essa inversão de valores é incompreensível.

Com essa estratégia, o Xiaomi 15T, apesar de ser um ótimo aparelho, está fadado a perder espaço no mercado.

E você, o que achou da estratégia de preço do Xiaomi 15T no Brasil? Concorda com a nossa análise? Comente em nossas redes sociais!

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