Review: Demon Slayer The Hinokami Chronicles 2 é lindo, mas ‘incompleto’ na mesma proporção

A CyberConnect2 é um dos estúdios de videogames mais relevantes quando pensamos em adaptações de grandes franquias dos animes. Conhecida pelos jogos de Naruto: Ultimate Ninja Storm e mais recentemente por Dragon Ball Z: Kakarot, a desenvolvedora tem como assinatura as suas belíssimas animações com sequências de Quick Time Events (QTE), que traduzem com maestria a ação das obras nas quais seus jogos são inspirados.

Como uma das séries de maior repercussão da atualidade, Demon Slayer, conhecido também como Kimetsu no Yaiba, não escaparia do radar da desenvolvedora e rendeu um jogo bastante competente em 2021 — Demon Slayer: The Hinokami Chronicles. Na ocasião, ele impressionou pela sua fidelidade, em especial nos belíssimos efeitos visuais pelos quais a série animada se popularizou. No entanto, pagou o preço da dependência de acompanhar o cronograma de lançamento do anime, que limitou bastante o seu conteúdo jogável.

Agora, a produtora se prepara para o lançamento de uma sequência óbvia, às vésperas da estreia do primeiro filme da trilogia do arco Castelo Infinito. Na prática, Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 trabalha na mesma fundação do seu antecessor, com melhorias de balanceamento e outras otimizações, enquanto dá continuidade ao modo história cinematográfico com um nível de fidelidade minucioso. No entanto, repete problemas e parece um jogo incompleto em muitos sentidos.

O Voxel já jogou a versão completa de Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 e conta, nas linhas a seguir, as impressões com os pontos positivos e negativos do lançamento. Vale lembrar que ele chega em 4 de agosto com versões para PC (Steam), PS4, PS4, Xbox One, Xbox Series S|X e Nintendo Switch. Confira:

Um anime jogável

Não é exagero dizer que Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 é um dos jogos baseados em anime mais bonitos da atualidade. A CyberConnect2 teve de lidar com o peso da responsabilidade de trabalhar com uma marca que ficou popular pela sua qualidade visual, e o jogo consegue atender as expectativas nesse sentido. Cada quadro de animação é digno de virar um papel de parede, retratando as cenas da série animada com uma minúcia que chega a parecer cômica. 

As atenções estão obviamente voltadas ao seu Modo História, que continua a partir do arco do Distrito do Entretenimento e vai até o fim do arco do Treinamento Hashira. Na prática, é um conteúdo que rende de seis a oito horas de jogatina, mas que deixa um gostinho amargo. Eu digo isso porque o mangá de Koyoharu Gotouge já chegou ao fim, mas ainda assim o jogo se atém ao ritmo de lançamento da série animada. Logo, tudo termina de forma apressada, incompleta e cheia de pontas soltas. 

Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 é um dos jogos baseados em anime mais bonitos da atualidade.

Os eventos da história são intercalados com momentos de exploração em cenários extremamente lineares, com poucos coletáveis pelo caminho, missões secundárias e minigames de ritmo. É tudo bastante protocolar, pois não instiga a curiosidade e mais parece um pedágio nos momentos de progressão. Isso é particularmente verdade no arco do Treinamento Hashira, que peca bastante em ritmo. Trata-se de um problema que também existia no jogo anterior e que não houve muito interesse em resolver nesta sequência.

Outra ressalva é que todos os inimigos do Modo História têm uma série de ataques que não podem ser interrompidos. Isso torna os combates muito repetitivos e irritantes, pois vale tanto para chefes quanto inimigos comuns, em missões secundárias. Todos operam sob a mesma lógica, deixando os confrontos mecânicos e sem inspiração.

Apesar disso, revisitar acontecimentos com a qualidade técnica gritante que o jogo entrega é legitimamente divertido. Há valor tanto para aqueles que já assistiram anteriormente como também para quem estiver acompanhando a história pela primeira vez através dos jogos. A direção das cenas faz justiça à qualidade técnica da obra animada, fazendo uso até mesmo da trilha sonora original.

Gameplay simples e bem-feito

O sistema de gameplay de Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 tem como proposta permitir que os jogadores façam ataques bonitos com comandos simples. As lutas se desenrolam no típico formato de arena tridimensional, seguindo os passos de Naruto: Ultimate Ninja Storm. Dentro do gênero, é sem dúvidas um dos jogos mais competentes.

Há um botão de ataque comum, que desfere combos diferentes dependendo da direção do analógico, e outro para especiais, que gastam barra. Além disso, é possível pular, agarrar, defender, esquivar-se rapidamente e realizar uma investida contra o adversário. Há, ainda, barras de especial que permitem fortalecer os golpes do personagem, realizar um especial cinematográfico e outras técnicas avançadas, como cancelamento de movimentos.

As lutas se desenrolam no típico formato de arena tridimensional, seguindo os passos de Naruto: Ultimate Ninja Storm. Dentro do gênero, é sem dúvidas um dos jogos mais competentes.

É tudo bastante familiar para quem jogou o primeiro The Hinokami Chronicles, com pequenos ajustes de balanceamento e qualidade de vida. Também vale mencionar a presença de especiais cinematográficos em duplas, dependendo da composição da equipe do jogador. É muito fácil de pegar um personagem pela primeira vez e tirar proveito do seu conjunto de habilidades, já que a base de gameplay é bem intuitiva.

Um elemento que eu não gostei, no entanto, foi a adição de equipamentos que aplicam melhorias aos personagens ao cumprir determinadas condições. O uso é totalmente opcional, mas esse tipo de recurso, que mexe nos atributos individuais dos personagens, não é muito inspirador e parece uma tentativa preguiçosa de personalizar a experiência. 

Conteúdo deixa a desejar para jogadores casuais

Para além do Modo História, que é o principal atrativo para jogadores casuais, não há muito o que fazer em Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2. Ao todo, o pacote de conteúdo é muito raso e falha em reter interesse a longo prazo. Além do versus tradicional e online, há um modo de sobrevivência bastante simples e uma espécie de arcade em que os jogadores seguem caminhos referentes a algum dos Hashira jogáveis

Esses modos garantem recompensas como títulos, artes, equipamentos e outros itens que não agregam muito à experiência, sendo bastante esquecíveis. Em compensação, o elenco de personagens não traz ausências muito gritantes, em comparação ao título anterior. Basicamente todos os caçadores e demônios de maior expressão, que já foram contemplados pela série animada, estão disponíveis para se divertir.

Ao todo, o pacote de conteúdo é muito raso e falha em reter interesse a longo prazo.

É importante notar que não tivemos a oportunidade de experimentar o modo online. Vale dizer, no entanto, que os jogos da CyberConnect2 não têm um bom histórico devido a questões como ausência de crossplay e códigos de rede baseados em delay, que colocam muito atraso nos comandos dos jogadores. É um precedente complicado e que acende um alerta caso sua intenção seja mergulhar em partidas online com amigos ou ranqueadas.

Vale a pena?

Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 é um jogo de luta em arena muito competente, aproveitando toda a expertise da CyberConnect2 com o gênero. Para além disso, ele entrega visuais de ponta e que estão em pé de igualdade com a obra original, que se popularizou principalmente por essa característica. Só é lamentável que sua necessidade de seguir o cronograma de lançamento do anime prejudique o conteúdo jogável — que não tem outra forma de descrever: está inacabado.

Não há muito o que fazer além do Modo História, então trata-se de um jogo que deve divertir os fãs do anime ou visitantes de primeira viagem, que querem experienciar os principais acontecimentos através dos jogos da série. As cenas são fiéis de maneira minuciosa e muitas vezes desnecessária, pecando um pouco no ritmo. No entanto, entrega exatamente o que o público espera de uma adaptação.

É uma pena que o público brasileiro tenha ficado de escanteio mais uma vez, tendo em vista que o jogo não traz legendas em português. Além disso, o seu preço de lançamento pode ser um grande impeditivo, considerando o conteúdo disponível. A menos que você seja muito fã da série, vale ficar de olho em possíveis promoções.

Nota do Voxel: 70

Pontos positivos (prós):

Visuais de altíssima qualidade;Jogabilidade acessível;Bom elenco de personagens jogáveis;Referências e curiosidades do universo da série.

Pontos negativos (contra):

Poucos modos de jogo interessantes;Modo História inacabado, por consequência do anime;Ausência de localização em PT-BR.

A análise de Demon Slayer: The Hinokami Chronicles 2 foi possível graças a uma chave fornecida pela assessoria de imprensa da SEGA. O jogo chega oficialmente em 5 de agosto com versões para PC (Steam), PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S|X e Nintendo Switch.

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