por Carolina Cabral, CEO da Nimbi
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) se consolidou como uma das principais alavancas de transformação digital no mundo corporativo. Sua presença já é visível em áreas como atendimento, marketing e análise de dados. Mas um setor essencial para os resultados e a competitividade das empresas continua apenas começando a explorar seu potencial: a área de compras.
O procurement é uma área estratégica — afinal, é nela que se decide boa parte do orçamento das empresas. No entanto, os processos operacionais ainda consomem tempo excessivo dos profissionais, impedindo uma atuação mais analítica e decisiva. É nesse cenário que a IA surge como ferramenta capaz de destravar produtividade e inteligência na tomada de decisão.
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Segundo a IBM, 35% das empresas no mundo já utilizam IA e outras 42% estão explorando o uso da tecnologia. No Brasil, o índice de adoção já supera a média global, com 41% das empresas declarando projetos ativos. A área de compras, no entanto, ainda aparece como um dos segmentos menos digitalizados — o que indica uma enorme oportunidade de ganho competitivo.
Empresas que utilizam IA no procurement registram até 10% de redução de custos e 40% de aumento na produtividade
Na Nimbi, tomamos a decisão de aplicar IA diretamente no processo de RFQ (Request for Quotation). Nossa solução embarcada sugere fornecedores com base em diferentes critérios: histórico de compras, conexões já existentes e até mesmo novos parceiros da rede Nimbi. Em menos de dois meses, 10% das RFQs da plataforma já são criadas com apoio da IA. A tecnologia está sendo usada — e está funcionando.
Os resultados mostram mais do que adesão: mostram valor. Entre os fornecedores convidados via IA, 42% aceitam participar das concorrências e, entre eles, 30% vencem. Esses números indicam que a inteligência artificial não apenas automatiza, mas melhora a qualidade das decisões — identificando fornecedores mais engajados e competitivos de forma mais rápida e assertiva.
Isso é especialmente importante quando consideramos que, segundo a Oracle, o uso de IA pode reduzir em até 80% o tempo gasto em tarefas operacionais de compras. E a consultoria McKinsey aponta que empresas que utilizam IA no procurement registram até 10% de redução de custos e 40% de aumento na produtividade. Não é só sobre fazer mais com menos — é sobre fazer melhor, com mais inteligência e menos esforço.
Com a IA cuidando das tarefas repetitivas, o profissional de compras ganha tempo para o que realmente importa: avaliar riscos, negociar contratos estratégicos, fortalecer o relacionamento com fornecedores e colaborar mais de perto com as áreas de negócios.
A tecnologia não substitui o humano, ela o amplia.
Também é fundamental falar sobre segurança. Ao contrário do que muitos imaginam, a IA não significa perda de controle sobre os dados. Pelo contrário. Com infraestrutura robusta — como a da AWS, que utilizamos na Nimbi — é possível garantir escalabilidade com os mais altos padrões de proteção e conformidade. Em setores como compras, onde decisões envolvem cifras e estratégias, isso é inegociável.
Outro ponto importante é a governança. IA sem critérios claros de uso pode gerar viés, desperdício ou até risco reputacional. Por isso, é essencial que as soluções de IA sejam integradas de forma transparente e estejam alinhadas às políticas internas da empresa. A adoção precisa ser acompanhada de educação, contexto e supervisão humana.
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Estamos apenas no início dessa jornada. Mas os primeiros resultados mostram que a IA nas compras corporativas pode ser um divisor de águas. Ela permite que empresas tomem decisões mais rápidas, com base em dados e em tempo real — algo impossível de ser feito apenas com esforço humano.
Empresas que entenderem isso agora terão vantagem competitiva clara nos próximos anos. Em um mundo onde cada segundo conta, automatizar o que é automatizável é a única forma de dedicar tempo ao que realmente exige inteligência humana. Compras com IA não são mais uma aposta futura. São o novo padrão de excelência.
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Carolina Cabral é CEO da Nimbi