O México ultrapassou a China como o país que mais exporta para os EUA, e a tendência do nearshoring, que pode ser fortalecida por Donald Trump, ajuda a economia mexicana.
Mas o México também precisa se ajudar.
A Moody’s acaba de rebaixar o outlook para o risco soberano do México de ‘estável’ para ‘negativo’ – citando as alterações constitucionais promovidas pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, o populista de esquerda mais conhecido como AMLO.
Os mexicanos continuam sendo uma economia ‘grau de investimento’ com nota Baa2 na escala da Moody’s, o que é dois degraus acima de mercados considerados pouco seguros – entre eles, o Brasil.
“A revisão constitucional ameaça erodir os checks and balances do sistema judiciário, com um possível impacto negativo na economia do México e na sua solidez fiscal,” disse a Moody’s.
O Morena, partido de AMLO, saiu super fortalecido nas eleições de junho e conseguiu levar adiante seu projeto de instituir a substituição da maior parte dos juízes por juízes eleitos pelo voto popular.
A reforma do Judiciário passou no Senado em setembro, e a primeira rodada de substituição de juízes deve ocorrer em 2025.
A Constituição mexicana não permite a reeleição consecutiva de um presidente, mas AMLO conseguiu eleger sua sucessora, Claudia Sheinbaum.
Sheinbaum teve uma vitória confortável – e, além disso, a coalizão governista conquistou uma maioria qualificada na Câmara e maioria simples no Senado.
Em resumo, as forças governistas e fiéis a AMLO terão grande poder – e, para os investidores, a oposição enfraquecida terá dificuldades para conter as políticas populistas.
“Nossa avaliação da qualidade das instituições mexicanas já era baixa em relação aos peers, particularmente no que se refere ao rule of law e ao combate à corrupção,” comentou a agência.
“Vamos avaliar se uma deterioração no arcabouço de políticas públicas e de independência do sistema jurídico poderá enfraquecer a capacidade do governo de lidar com os crescentes desafios do crédito,” disse a Moody’s.
Uma preocupação adicional da agência é o possível impacto fiscal caso o Tesouro tenha que absorver custos financeiros e perdas da Pemex, a estatal de petróleo do país que é altamente endividada.
No início da semana, a S&P Global Ratings já havia indicado que pode rever a nota do país, hoje em BBB – dois degraus acima dos países sem o grau de investimento.
Já pela Fitch, o México tem rating BBB-, o mais baixo entre as nações investment grade.
O peso mexicano devolveu a valorização de anos anteriores e, de maio para cá, acumula uma perda ao redor de 20% frente ao dólar.
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