O mercado de arte está perdendo o vigor, mostra estudo do UBS

O mercado de arte global está perdendo força desde o ano passado, com as obras acima de US$ 1 milhão puxando a desaceleração, e os millennials – que vinham sustentando o crescimento dos anos anteriores – botando menos a mão no bolso. 

Um estudo do UBS ouviu mais de 3,5 mil investidores desse mercado e constatou que a porcentagem deste ativo no patrimônio deles tem caído – assim como a quantidade de investidores que pretendem comprar arte nos próximos 12 meses.

Segundo dados das principais casas de leilão  – Christie’s, Sotheby’s, Phillips e Bonhams – as vendas de arte caíram 26% no primeiro semestre em comparação ao mesmo período do ano passado. 

“Depois de uma forte recuperação após a pandemia, as vendas do mercado de arte desaceleraram em 2023, caindo 4%, para US$ 65 bilhões,” diz o UBS. 

“O segmento ‘high end’ do mercado, que foi tão importante para a retomada das vendas em 2020, diminuiu consideravelmente, criando um empecilho ao crescimento apesar da performance mais positiva em outros segmentos de menor preço.”

Para o banco suíço, este ano não tem mostrado nenhuma evidência de um turning point nessa tendência. 

“As tensões geopolíticas persistentes, a fragmentação comercial, as altas taxas de juros por muito tempo e outros problemas específicos de cada região continuam a pesar no sentimento e nos planos de compradores e vendedores.”

A tendência de buscar obras de arte mais em conta fica clara nos dados da pesquisa. 

Segundo o relatório, mais da metade dos entrevistados disse que comprou algum trabalho em papel em 2023, uma categoria mais barata do que a pintura, por exemplo. Nos anos anteriores, esse indicador girava ao redor de 30%. 

Mais da metade dos entrevistados também disse que seus investimentos em arte foram em artistas novos e emergentes, que também são mais baratos que os artistas já estabelecidos. Na pesquisa anterior, esse indicador estava em 44%. 

Outro indicador que mostra a fraqueza do mercado: em 2022, 24% da riqueza dos ‘high-net-worth-individuals’ — na definição do UBS, pessoas com mais de US$ 1 milhão de liquidez — estava alocada em arte. Este ano, o número caiu para 15%. 

O relatório mostra ainda que apenas 43% dos entrevistados planejam comprar arte nos próximos 12 meses (em comparação a 50% em 2022 e 2023), enquanto 55% planejam vender obras de sua coleção.

Há ainda uma mudança relevante de tendência. Nos últimos anos, eram os millennials que vinham puxando o mercado, gastando mais que os boomers, a Geração X e a Geração Z. 

Mas este ano, o investimento médio dos millennials com arte caiu 50% para uma média de US$ 395 mil. Agora, quem mais está investindo em arte é a Geração X, cujo investimento médio caiu apenas 4% para US$ 578 mil. (Os boomers e a Geração Z, em média, gastaram metade disso).

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