A Embraer fechou um acordo para receber US$ 150 milhões da Boeing a título de ressarcimento por quebra de contrato, encerrando um processo de arbitragem que corre desde 2020, quando a Boeing desistiu de uma JV com a Embraer.
Em reais, o ganho será de mais de R$ 800 milhões, um valor relevante para a Embraer e que não estava no modelo de muitos analistas.
A estimativa do Safra é que a injeção de caixa adicione US$ 1 ao preço justo da ação, o que, em tese, deveria levar a uma alta do papel.
A ação da Embraer, no entanto, cai mais de 5% na manhã de hoje — com o mercado reagindo mal à notícia.
A explicação é simples: os investidores esperavam mais.
Segundo o Bradesco BBI, a maioria dos investidores projetava um ganho da ordem de US$ 300 milhões, o dobro do valor do acordo.
O Bradesco também notou que o montante que vai entrar no caixa da Embraer deve ser bem menor, da ordem de US$ 85 milhões, depois de excluir o PIS/Cofins e o Imposto de Renda de 34%. O valor líquido deve representar US$ 0,49 por ação, nas contas do banco.
A indenização de hoje tem a ver com a proposta de compra da vertical de aviação comercial que a Boeing havia feito à Embraer em 2018.
Na época, a fabricante americana havia proposto criar uma joint venture com os ativos da Embraer, que seria controlada 80% pela Boeing e 20% pela brasileira. Em troca, a Boeing pagaria US$ 4,2 bilhões.
Dois anos depois, no entanto, a Boeing desistiu da transação, alegando que a Embraer não cumpria as condições precedentes necessárias para a transação.
Já a Embraer entrou com um processo alegando que a Boeing havia desistido da transação por conta do início da pandemia e da crise financeira que sofria, além dos problemas com o 737 MAX.
A Embraer pediu o pagamento do ‘breakup fee’, que tipicamente gira em torno de 3% a 5% do valor da transação, o que daria entre US$ 126 milhões a US$ 210 milhões, mas também pediu o ressarcimento pelas perdas de vendas e custos que teve com a operação de spinoff.
É por isso que o mercado esperava um valor significativamente maior.
Apesar da queda de hoje, o Safra reiterou sua recomendação de compra para a Embraer e disse que acredita num ambiente operacional “crescentemente favorável para a companhia, impulsionado por uma forte recuperação da aviação comercial e pelo ramp-up de seu segmento de defesa.”
“Achamos que esse ambiente operacional positivo deve se traduzir numa melhora da rentabilidade.”
O Bradesco também reiterou seu ‘buy’, acrescentando que a empresa deve zerar seus prejuízos acumulados ainda no segundo semestre, o que deve lhe permitir voltar a pagar dividendos.
A queda de hoje vem num momento em que o papel da Embraer já estava pronto para alguma correção, depois de fechar sexta-feira em seu high histórico.
A Embraer vale US$ 6,6 bi na Bolsa de Nova York.
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