A BR Partners reportou a maior receita trimestral de sua história, com o resultado do quarto tri impulsionado por uma recuperação do mercado de M&A e dívida, bem como um resultado robusto da tesouraria.
A companhia entregou um ROE de 22% no trimestre, uma recuperação brutal em relação ao primeiro tri do ano passado, quando o ROE havia sido de 17%.
No consolidado do ano, o ROE ficou em 19%, o mesmo patamar de 2022. A companhia tem dito ao mercado que pretende manter o ROE em 20% ou mais.
A BR Partners fez uma receita de R$ 124 milhões no trimestre, um crescimento de 5,4% ano contra ano. Deste total, R$ 99,5 milhões vieram de receitas de clientes, e o restante da remuneração do capital.
“Foi um resultado recorde num ano que começou muito difícil,” o CEO e fundador Ricardo Lacerda disse ao Brazil Journal. “As melhoras do segundo e terceiro tri a gente foi buscar meio que na raça, num mercado ainda muito volátil. Mas o quarto trimestre mostrou uma melhora generalizada em todas as linhas de negócios, o que nos deixa bem otimistas para 2024.”
A receita de investment banking e mercado de capitais, de R$ 75,5 milhões, também estabeleceu um novo recorde, crescendo 33,5% na comparação anual e 18,9% na sequencial.
Já a receita de tesouraria cresceu 10% ano contra ano e 51% na comparação com o trimestre anterior, para R$ 22,1 milhões. Essa receita foi beneficiada por uma retomada do mercado primário de dívida, o que gerou mais oportunidades para a estruturação de derivativos, principalmente swaps.
No banco de investimentos, o destaque foi a retomada dos M&As. No quarto tri, a BR Partners assessorou a venda da Singulare para a QI Tech, que o mercado estima que saiu por perto de R$ 1 bi, e a compra da Amil pelo empresário José Seripieri Júnior por um enterprise value de R$ 11 bilhões.
Outra transação relevante do trimestre foi a venda da massa falida do Banco Nacional para o BTG Pactual.
A maior parte do fee dessas transações, no entanto, não entrou ainda no resultado do quarto tri, já que tipicamente há um delay entre o fechamento das operações e o pagamento efetivo das comissões.
No mercado de capitais, a BR Partners fez 11 operações de dívida no trimestre e disse estar vendo um reaquecimento do mercado de fundos imobiliários.
“2023 foi um ano em que fomos ‘snipers’, oportunísticos, com muita operação de reestruturação e reperfilamento. Neste ano, esperamos tirar mais proveito das operações de dívida com foco no crescimento das empresas,” disse Danilo Catarucci, responsável pela área de mercado de capitais.
A BR Partners também anunciou os primeiros números de sua operação de wealth management, lançada em dezembro. O banco já reuniu R$ 2,34 bilhões em ativos sob assessoria. Os números estão sendo reportados na linha de gestão de ativos, que também inclui a operação de private equity, que tem outros R$ 393 milhões em ativos.
No quarto tri, essa operação conjunta fez uma receita de R$ 1,9 milhão.
Considerando um fee médio de 0,5% para o WM — um valor próximo ao que os grandes bancos costumam cobrar — a operação já poderia gerar R$ 11 milhões a mais de receita anual para a companhia, só com a base atual de ativos.
O lucro líquido do quarto tri ficou em R$ 43 milhões, também um recorde trimestral, e a BR Partners declarou R$ 12,5 milhões em dividendos, o equivalente a R$ 0,12 por unit.
Lacerda disse ainda que 2023 foi um ano marcado por um aumento do pool de talento no banco. A BR Partners fez 41 contratações, sendo 22 no front office, das quais 8 foram para o WM. A companhia também promoveu ou efetivou 37% de sua base de funcionários.
Esse aumento do headcount gerou um impacto nas despesas com pessoal, que subiram 43,6% ano contra ano para R$ 122 milhões.
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