Ações de saúde disparam com suspensão da ‘lei dos enfermeiros’

As ações do setor de saúde abriram em alta hoje depois do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, suspender a lei que aumentaria o salário mínimo dos enfermeiros para R$ 4,7 mil.

A ação da Hapvida dispara quase 4% na abertura; a da Rede D’Or sobe 2,35%; a do Mater Dei, 1,7%; e a da Dasa, outros 0,7%.

A decisão de Barroso foi tomada ontem à noite. A suspensão dura até que as entidades federais e de saúde analisem dados da indústria sobre os impactos das mudanças salariais em demissões, números de leitos e na qualidade do serviço — e enviem suas descobertas ao STF.

O prazo para fazer isso é de 60 dias.

Na semana passada, um estudo de entidades privadas de saúde mostrou que o aumento no salário mínimo dos enfermeiros geraria o fechamento de 20 mil leitos de hospitais privados e filantrópicos e a demissão de cerca de 85 mil enfermeiros.

O UBS BB também calculou que a aprovação da lei obrigaria os planos de saúde a fazer um reajuste de 14% nos preços em 2023, em comparação a um reajuste de 9% sem a lei. 

Ainda que o desfecho final não esteja definido, o sellside disse que a decisão de hoje é positiva.

“É um alívio de curto prazo para as empresas do setor, que agora vão ter mais tempo para discutir os aspectos legais da mudança e buscar alternativas de funding,” escreveram os analistas do Citi.

O Itaú BBA notou que a notícia é especialmente positiva para a Hapvida, que é vista como a empresa do setor de saúde que mais vai ter impactos negativos da nova lei.

A Hapvida é a empresa que mais tem enfermeiros no Norte e Nordeste do Brasil, onde o gap salarial em relação ao mínimo estabelecido pela nova lei é maior. 

Na outra ponta, a empresa menos prejudicada seria a Rede D’Or, que tem a maior parte de seus funcionários no Sudeste, onde os salários são maiores. 

O JP Morgan estimou um potencial impacto no EBITDA de 8% para a Rede D’Or, 9% para a Hapvida, e de 10% e 12% para o Mater Dei e a Kora Saúde, que também têm forte presença em regiões com salários menores.

A nova lei foi sancionada dia 4 de agosto pelo presidente Bolsonaro e entraria hoje em vigor. O projeto estipula uma remuneração mínima mensal de R$ 4,7 mil para os enfermeiros, de R$ 3,3 mil para os técnicos de enfermagem e de R$ 2,3 mil para os assistentes de enfermagem.

Esses valores são, em média, 30% acima da remuneração que esses profissionais recebem hoje. 

Como 70% dos leitos de hospitais estão no SUS, o impacto para os cofres públicos também seria significativo.  

Segundo o relator do projeto, o impacto econômico da lei pode chegar a R$ 16 bilhões por ano – com a maior parte recaindo sobre o setor público: R$ 5,7 bi. As empresas privadas devem sentir um impacto de outros R$ 5,4 bi, e os hospitais filantrópicos de mais R$ 5 bi. 

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