QR Asset lança primeiro FIDC com lastro em bitcoin

A QR Asset Management acaba de lançar o primeiro FIDC com lastro em bitcoin, um produto destinado a investidores profissionais (com mais de R$ 10 milhões em liquidez) que vai comprar direitos creditórios de empréstimos dados com garantia na criptomoeda.

O fundo dá a largada com um seed money de R$ 8 milhões levantado com investidores institucionais; a meta é levantar mais pelo menos R$ 8 milhões já nos próximos meses e chegar a R$ 100 milhões no médio prazo. (O ritmo dessa captação, no entanto, vai depender de como a originação do crédito se comportar). 

A originação será feita pela Rispar, uma fintech do mesmo grupo da QR Asset que já originou mais de R$ 25 milhões em créditos desse tipo nos últimos 12 meses – e, segundo a empresa, com inadimplência zero. 

A Rispar oferece empréstimos a taxas competitivas (equivalentes às de um home equity) para pessoas que colocam seus bitcoins como garantia. A custódia dos bitcoins é transferida para a fintech, que pode liquidá-los se necessário.  

O fundo é ‘overcolateralizado’ com um loan-to-value de no máximo 50%. Em outras palavras, se o cliente quiser pegar R$ 50 mil emprestados, ele terá que deixar pelo menos R$ 100 mil em bitcoin como garantia. (Se deixar mais, a taxa de juros será menor.)

“O bitcoin é uma garantia melhor do que um imóvel, por exemplo, que para você transformar em liquidez você tem que fazer o processo de alienação e que tem todo o custo do cartório,” Alexandre Ludolf, o CIO da QR Asset, disse ao Brazil Journal. “O bitcoin é uma garantia líquida, transparente e segura.”

O maior risco desse tipo de operação é o preço do bitcoin despencar a ponto do colateral não cobrir mais o valor total do empréstimo. 

A exigência de deixar pelo menos 2x o valor do empréstimo já mitiga em parte esse risco. 

Basicamente, o FIDC da QR Asset está se propondo a fazer a mesma coisa que protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) como o Compound já fazem. A diferença é que ele está fazendo isso no mercado regulado, com mais flexibilidade e com algumas características diferentes e mais alinhadas com o público brasileiro.

Quando a garantia fica insuficiente, por exemplo, os protocolos DeFi liquidam automaticamente os bitcoins da garantia. Já o FIDC da QR Asset dá 48 horas para o cliente recompor a garantia (transferindo mais bitcoin), antes de partir para a liquidação.   

“Outra diferença é que nesses protocolos DeFi o depósito é em cripto e o saque também – ou, no máximo, em dólar. No nosso caso, o empréstimo já é em real, criando uma facilidade a mais,” disse o CIO. 

A QR Asset também está tokenizando as cotas do fundo para dar mais liquidez aos cotistas, permitindo que eles as negociem no mercado secundário.

Há ainda uma eficiência fiscal importante neste modelo de empréstimo. 

“Se o cliente tivesse que vender os bitcoins para gerar liquidez, em muitos casos ele teria que pagar o imposto de 15% de ganho de capital. Com esse modelo, ele continua com o bitcoin e gera a liquidez que ele precisa.”

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