Gigante mundial de royalties de música coloca o pé Nas Nuvens

Esse gringo curte samba, sertanejo e MPB.

A Primary Wave, o maior player americano focado em direitos autorais de músicas, acaba de investir na Nas Nuvens — uma empresa brasileira controlada pela Starboard e dirigida por Liminha, o lendário produtor musical e ex-Titãs e Mutantes.

A Primary Wave está injetando R$ 190 milhões e ficando com 50% das Nas Nuvens, que está sendo avaliada em US$ 100 milhões na transação (R$ 500 mi, ao câmbio de hoje). Como parte do acordo, a Starboard se comprometeu a investir outros R$ 40 milhões depois que a Nas Nuvens esgotar os recursos investidos pela americana. 

A Primary Wave tem mais de US$ 3 bilhões em ativos sob gestão e é dona de catálogos emblemáticos como os de Bob Marley, Prince, Whitney Houston, James Brown e Joey Ramone. 

O aporte foi feito por um fundo da Primary Wave que tem a Brookfield como seu maior investidor. Outro LP relevante é a Oaktree Capital, também controlada pela Brookfield. 

A Nas Nuvens foi criada em agosto de 2021 pela Starboard, tomando emprestado o nome do estúdio que Liminha, o CEO da empresa, tem no Jardim Botânico. 

De lá para cá, a empresa comprou mais de 30 catálogos musicais de artistas, somando 35 mil fonogramas. São músicos como Carlinhos Brown, Vanessa da Mata, Arlindo Cruz, Rodolfo Abrantes e Accioly Neto. 

Mas a maior tacada recente da empresa foi uma aposta despretensiosa: o catálogo do Tchakabum, que compôs Onda, Onda.  Em seguida, a Nas Nuvens contratou um produtor de funk para criar uma nova versão do clássico do axé dos anos 90 — com características mais atuais e que dialogasse com o público jovem. 

Nascia assim o Tubarão, te amo, que viralizou nas redes sociais com celebridades como Neymar gravando dancinhas com a música de fundo. Tubarão já teve mais de 3 bilhões de visualizações no TikTok e tornou-se a segunda música mais tocada na rede social — detalhe: nos Estados Unidos. 

O estouro rendeu à Nas Nuvens dividendos gordos: 10x maiores que o valor pago por todo o catálogo do Tchakabum, segundo uma fonte próxima à empresa. 

A Nas Nuvens pretende usar os novos recursos para continuar expandindo seu portfólio, com uma meta de chegar a R$ 500 milhões em ativos nos próximos dois anos. Como as compras tipicamente são feitas a um múltiplo de 10x receita, esse portfólio deve gerar uma receita de R$ 50 milhões/ano, aproximadamente. 

Outra possibilidade para crescer seria fazer um M&A com algum player do setor. Depois da Nas Nuvens, a maior empresa deste mercado no Brasil é a Adaggio, que tem o DJ Beowülf como CEO e as gestoras Arbor e Atmos como investidores. 

Além de negociar os catálogos, parte importante do trabalho dos donos de catálogos é encontrar formas de aumentar as receitas com as músicas. 

 Uma das maneiras mais clássicas no Brasil é colocando a música para tocar numa novela, uma estratégia que a Nas Nuvens usou com uma das obras de Carlinhos Brown. Outra é com comerciais ou trabalhando a imagem do artista com a produção de um documentário ou filme — o que leva a um aumento das reproduções das músicas. 

A tese da Starboard é construir o portfólio nos primeiros quatro anos do fundo (até o final de 2025), e depois começar a trabalhar no desinvestimento, que pode ser a venda para um estratégico — como a própria Primary Wave — ou um IPO. 

No contrato com a Primary Wave, a Starboard incluiu uma cláusula que garante um tag along caso a americana busque um evento de liquidez, segundo uma fonte a par do assunto. 

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