A M Dias Branco acaba de comprar a Jasmine, dobrando sua aposta nos alimentos saudáveis — um segmento que tem margens mais gordas e cresce acima do mercado tradicional de massas e biscoitos.
A dona de marcas como Adria e Piraquê está pagando cerca de R$ 350 milhões pela Jasmine, apurou o Brazil Journal.
A empresa teve um faturamento de R$ 180 milhões ano passado com margem bruta de 45%. A expectativa é fechar este ano com uma receita de R$ 200 milhões.
A margem EBITDA da Jasmine é “potencialmente maior que a da M Dias Branco,” o diretor de RI, Fabio Cefaly, disse ao Brazil Journal.
“O importante nessas aquisições é olhar a margem bruta e se tem potencial de crescimento, porque depois que colocamos as empresas na nossa estrutura, e que tem a diluição de SG&A, a margem EBITDA melhora muito,” disse ele
Os carros-chefes da Jasmine são granolas, cookies integrais e pão sem glúten, produzidos em sua fábrica em Campina Grande do Sul, a 26 quilômetros de Curitiba.
Fundada em 1990 por um casal no Paraná, que começou fazendo os produtos em casa, a Jasmine foi vendida em 2014 para a Nutrition et Santé, uma empresa francesa que pertence ao grupo japonês Otsuka, do setor farmacêutico.
A Nutrition “fez um trabalho muito bom nos últimos anos, investiu bastante na fábrica, que tem equipamentos de primeira,” disse Fabio. “Entramos agora para acelerar e dar o próximo passo.”
A Jasmine já está presente em 23 mil pontos de venda, com 50% do faturamento vindo do Sudeste e do Estado de São Paulo. No Nordeste, onde a M Dias Branco domina, a presença ainda é relativamente tímida.
A M Dias Branco deve usar sua força comercial — que levou seus produtos para mais de 100 mil pontos de venda — para pelo menos dobrar a distribuição da Jasmine nos próximos anos. “O faturamento deles eu acho que é possível dobrar até antes aumentando o giro da marca nos pontos que eles já estão,” disse Fabio.
Para isso, a empresa vai ampliar os investimentos em marketing e usar seus promotores de venda para melhorar a exposição das marcas da Jasmine.
A aquisição de hoje vem sete meses depois da M Dias Branco comprar a Latinex, dona de marcas como a Fit Food, em seu primeiro investimento no mercado de alimentação saudável.
Apesar de operarem no mesmo nicho, a Fit Food e a Jasmine tem portfólios complementares, com a primeira focando em snacks salgados.
A aposta na saudabilidade faz parte da estratégia da M Dias Branco de entrar em novas categorias que tenham preços médios maiores e produtos com maior valor agregado.
A companhia também quer crescer em outras duas avenidas: expandir seu negócio core fora do Nordeste e com aumento de rentabilidade; e internacionalizar o negócio, o que pode ser feito via M&As (hoje, as exportações representam apenas 3% do faturamento.)
A aquisição vem num momento em que a ação da M Dias Branco está perto das mínimas históricas — em linha com o mercado em geral mas também reflexo de um contexto macro complicado para o negócio da empresa.
A inflação — e um rali épico do trigo — estão pressionando as margens da M Dias Branco, que tem tido dificuldade em repassar os aumentos para o consumidor final.
No primeiro trimestre, a gigante cearense reportou margem EBITDA de 5%, em comparação a uma margem histórica de 17%.
Fabio disse que gradativamente os números estão voltando para os níveis normais: em março, a margem EBITDA já foi de 10%.
M Dias Branco foi assessora pela Estáter e pelo Pinheiro Neto.
A Nutrition et Santé foi assessorada pela Seneca Evercore e pelo Tozzini Freire.
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