Postagens relacionadas ao aborto estão sendo censuradas no Instagram, Facebook, TikTok e até o LinkedIn, entre outras redes sociais, mesmo que não violem as políticas dessas plataformas. É o que denunciam entidades, clínicas e criadores de conteúdo que tratam do assunto em seus perfis.
Conforme noticiou a Fortune nesta terça-feira (16), as restrições acontecem principalmente nos Estados Unidos e em países da América Latina, incluindo lugares em que a prática abortiva é legalizada. Há a suspeita de que o uso de inteligência artificial na moderação de posts, substituindo os humanos, tenha relação com as remoções em excesso.
Postagens informativas sobre medicamentos abortivos estavam entre as que foram removidas. (Imagem: Getty Images)
Que tipo de conteúdos foram censurados?
O grupo de direitos digitais Eletronic Frontier Foundation (EFF) afirma ter recebido pelo menos 100 relatos de remoções de conteúdos ligados ao tema ou suspensão de perfis nos últimos meses. Um desses casos é o da criadora do TikTok, Brenna Miller, que trabalha com saúde reprodutiva.
No vídeo removido pela plataforma chinesa, ela aparecia desembalando um pacote de pílulas abortivas da organização sem fins lucrativos Carafem, dos EUA, e discutia a administração dos medicamentos;A gravação ficou disponível durante uma semana, em dezembro passado, até ser removida sob a alegação de que não seguia as políticas da plataforma;Uma clínica do estado de Minessota (EUA), onde o aborto é legal, teve a conta suspensa no Facebook após divulgar seus serviços e tentar transformar a postagem em anúncio;Já no Instagram, um exemplo é o do Centro de Pesquisa em Saúde Reprodutiva da Universidade Emory (EUA), cujo perfil acabou excluído ao divulgar informações sobre o uso de um remédio abortivo.
Este último caso terminou com a entidade conseguindo reativar o perfil após um longo processo que incluiu contato direto com representantes da Meta. Durante a apelação, ficou claro que a big tech havia punido a universidade por tentativa de compra, venda ou divulgação de drogas ilícitas, o que na verdade não acontecia.
A clínica também passou por uma acusação semelhante e, igualmente, precisou recorrer da decisão para ter a conta de volta. No caso entre a influencer Brenna e o TikTok, o vídeo censurado voltou a ficar disponível meses depois, sem maiores explicações por parte da empresa.
Contas de influenciadores, entidades e clínicas nos EUA foram suspensas após tratarem do assunto. (Imagem: Getty Images)
O que dizem as redes sociais?
À reportagem, a Meta disse que as políticas relacionadas aos conteúdos que tratam de medicamentos de aborto permanecem as mesmas. Elas também não foram afetadas pelas alterações na moderação anunciadas no início deste ano, levando ao fim do programa de checagem de fatos da companhia.
“Permitimos postagens e anúncios que promovem serviços de saúde como o aborto, bem como discussão e debate em torno deles, desde que sigam nossas políticas — e damos às pessoas a oportunidade de apelar das decisões se acharem que erramos”, ressaltou, em comunicado.
Já o TikTok geralmente permite compartilhar informações sobre o tema ou remédios associados à prática, mas restringe a comercialização de medicamentos entre os usuários da plataforma e proíbe a desinformação.
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