Na Lift Capital, um crédito estruturado “mais apimentado”

Quando o BTG Pactual comprou a Clave Capital, em dezembro, Eduardo Médicis — que tocava o fundo de special sits da casa — preferiu seguir voo solo. 

Negociou com o banco de André Esteves e saiu para fundar sua própria gestora, a Lift Capital, levando o fundo que tocava na Clave e um time de quatro analistas. 

Agora, Médicis está captando seu segundo fundo, buscando repetir a mesma estratégia do primeiro: “estruturar operações complexas com downside protegido e potencial de equity via kicker,” nas palavras do gestor.

“Nossa tese é um crédito estruturado mais apimentado. Fazemos muitas operações com empresas em recuperação judicial, de DIP finance. São operações que o mercado muitas vezes acha que são pequenas e muito complexas, e não dá muita atenção. Gostamos de arbitrar essas oportunidades,” Médicis disse ao Brazil Journal.

O fundo II terá o mesmo tamanho do primeiro — R$ 150 milhões — e já está ancorado pelo Banco Pine, que tem uma parceria de originação e co-investimento com a Lift Capital, e pelos sócios da gestora. No total, o Pine e os sócios vão investir R$ 55 milhões, o suficiente para colocar o produto de pé.

No primeiro fundo, a Lift Capital fez 13 investimentos e já teve duas saídas, que já retornaram quase metade do capital investido para os cotistas. 

Médicis disse que para fazer esses investimentos a gestora analisou mais de 500 operações. “Recebemos de 10 a 15 operações por semana e determinamos que só podemos escolher três por semana para fazer um deep dive. Uma parte importante do nosso trabalho é saber onde não gastar tempo, onde não investir,” disse ele.

Um dos investimentos do fundo foi a Q2 Ingressos, uma tiqueteira que precisava de recursos para comprar a exclusividade da venda de ingressos de três turnês, incluindo a turnê de 30 anos da dupla sertaneja Jorge & Mateus. 

A Lift Capital emprestou R$ 17 milhões à Q2 por 10 meses, recebendo os recursos de volta depois que a K2 conseguiu fazer as vendas das turnês. “Tivemos um retorno nominal de 50% com essa operação. Era uma transação com um nível de risco, porque você não sabe se vai vender ou não, mas tínhamos seguro dos artistas (caso o show fosse cancelado), além de imóveis dos donos da empresa como garantia,” disse Médicis. 

Outra operação do fundo I foi com a Turbi, a startup de aluguel de carros. 

A Lift deu um venture debt para a startup em dezembro de 2022 para que ela conseguisse manter a operação rodando, já que estava queimando caixa. “Quando já tínhamos recebido o principal, mais um retorno de CDI+2%, resolvemos converter o restante da dívida em equity, ganhando 5,5% do capital,” disse ele. “Então já tivemos um retorno muito bom, e ainda temos o upside potencial do equity.” 

A Lift Capital também fez uma operação no setor de energia, emprestando R$ 27 milhões a um empresário português que estava investindo em geração eólica na Bahia. 

“Ele já tinha fechado um projeto com a Engie, numa terra de 44 mil hectares que ele tinha, mas precisava de dinheiro para desenvolver novos projetos. Era uma operação complexa porque tinha a questão fundiária da terra e questões legais, como a regra de estrangeiros não poderem deter terras no Brasil,” disse Médicis. “Contratamos uma legal opinion e fizemos uma operação em que tínhamos a alienação fiduciária da terra, além dos recebíveis da Engie como garantia.”

A operação saiu a IPCA+18% e deu um retorno de 45% ao ano em dois anos para a gestora, fazendo praticamente duas vezes o dinheiro.

Antes da Clave, Médicis trabalhou no Citi e foi um dos primeiros sócios de Ricardo Lacerda na BR Partners, onde ficou de 2009 até 2019, tendo passado um período como CFO de uma das investidas do banco. 

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