PIB ocupa capacidade ociosa e sobe 1%, mas manter ritmo será mais difícil

A economia brasileira cresceu 1% no primeiro trimestre, na comparação com o tri anterior. Em relação ao mesmo período do ano passado, a alta ficou em 1,7%.

O número veio ligeiramente abaixo das estimativas, mas confirma que o país saiu do fundo do poço depois da recessão causada pela covid. 

Agora, praticamente todos os setores já se encontram em um patamar superior ao que estavam no início de 2020, antes da pandemia. 

Com o resultado, o PIB ficou 1,6% acima do patamar registrado no final de 2019. Mas ainda se encontra 1,7% abaixo do nível em que se encontrava no primeiro trimestre de 2014. 

Em outras palavras: até hoje, a economia brasileira ainda não recuperou as perdas com a recessão de 2014 e 2015. 

No primeiro tri, o PIB foi puxado pelo setor de serviços, com uma alta de 3,7% em relação a igual período de 2021 – um sinal de que o comércio, os restaurantes e outras atividades presenciais vão superando os prejuízos do período mais duro da pandemia. Segundo o IBGE, o setor agora representa 70% da atividade econômica do País. 

A construção civil foi outro destaque positivo, com expansão de 9% em relação ao ano passado – e a quinta alta seguida. 

O consumo das famílias – um dos itens de maior peso no resultado final – foi favorecido pela volta das atividades presenciais, avançando 2,2%.   

A indústria de transformação teve um resultado negativo – um tombo de 4,7% na comparação com o primeiro tri de 2021. 

Já a produção da agropecuária sentiu o impacto das quebras de safra e recuou 8%.  

Olhando adiante, um componente que segue preocupando é a baixa taxa de investimentos: o total aplicado na infraestrutura e na expansão da capacidade produtiva despencou 7,2%. 

A taxa total de investimentos em relação ao tamanho do PIB ficou em 18,7%, abaixo da observada no mesmo período de 2021 (19,7%). Trata-se de um nível inferior ao de países emergentes (33% na média) e também abaixo de países desenvolvidos (23%). 

Historicamente, baixas taxas de investimento na infraestrutura e na expansão da capacidade produtiva restringem o potencial de avanço da economia.   

Em março, o IBGE publicou que o PIB de 2021 cresceu 4,6%, com a economia se recuperando da queda de 3,9% em 2020 como resultado da covid. Para este ano, a expectativa do Ministério da Economia é de um avanço de 1,5%. 

Os números do mercado de trabalho, divulgados na terça-feira, também apontam para uma recuperação mais forte do que a prevista no início do ano. A taxa de desemprego recuou para 10,5% no trimestre encerrado em abril – o menor nível desde 2016.  

No embalo da reabertura da economia, o país passa por uma recuperação cíclica. Havia muito espaço para crescimento por causa da capacidade ociosa. Daqui para frente, advertem os analistas, será mais difícil manter o ritmo de avanço no PIB. 

A alta dos juros começará a ser sentida com mais força nos próximos meses, porque já houve uma piora considerável no custo do crédito para as empresas e pessoas físicas. Em todo o mundo, a inflação permanece elevada, o que exigirá uma ação mais firme das autoridades monetárias. 

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