Siderúrgicas despencam com tarifa zero para importações

As ações das siderúrgicas estão derretendo hoje depois de relatos de que o Governo planeja zerar o imposto sobre a importação de aço — uma medida que reduziria o pricing power da indústria nacional e cortaria uma fatia relevante do EBITDA dessas empresas.

A justificativa do Governo é combater a inflação, mas o sellside achou a medida drástica e surpreendente, dado que o Governo já havia reduzido as tarifas de importação de aço em novembro passado. 

A Usiminas despenca 8,5% agora à tarde; a CSN cai outros 6,2%, e a Gerdau, 5,9%.

O Bradesco BBI disse que, se as taxas de importação de aço forem zeradas, isso causará uma pressão relevante sobre os preços do aço plano. 

O banco calcula que o prêmio do aço plano nacional em relação aos materiais importados subiria de 25% para 38% — em comparação a uma média histórica de 10%. 

“Levando em conta os gargalos logísticos relevantes em todo o mundo, poderia levar meses antes do aumento das importações chegarem de fato às costas brasileiras,” escreveram os analistas. “Assim, acreditamos que as siderúrgicas brasileiras ainda poderiam exercer prêmios acima da média no curto prazo, mas esses prêmios invariavelmente tenderiam a cair para níveis normais no segundo semestre deste ano e primeiro semestre do ano que vem.”

Já para os aços longos, os analistas acreditam que o impacto será menor, já que hoje os longos nacionais negociam com desconto de 14% em relação aos importados. Com a redução da tarifa, o Bradesco estima que esse desconto caia para 5%, o que ainda dá algum espaço para aumentos de preços. 

Das empresas listadas, a mais afetada seria a Usiminas, que tem 100% de sua produção em aço plano. A Gerdau é maior em aços longos, e tem a vantagem de ter mais de 50% de seu EBITDA vindo da América do Norte. 

Já a CSN, cuja produção é mais centrada em aço plano, tem a vantagem de ser mais diversificada, com operações em minério e cimentos. 

O cenário mais dramático: a redução do imposto ser mantida também em 2023. 

Nesse caso, o Bradesco estima um impacto significativo para o EBITDA das siderúrgicas, com as três maiores empresas do setor perdendo, cada uma, R$ 1,4 bilhão de EBITDA no ano que vem.

Para a Usiminas, esse valor representa uma queda de 25% da projeção de R$ 5,5 bi que o Bradesco tem para o EBITDA da empresa. Já para a Gerdau e a CSN, o valor representa queda de cerca de 11% da projeção.

“Não vejo isso sendo mantido para sempre,” disse um gestor que aproveitou a queda de hoje para comprar Gerdau. “Vai ter que ser algo temporário porque o Brasil tem que ter um alinhamento com o Mercosul.”

“E [a Gerdau] está muito barata. Está negociando a 2,5x EBITDA deste ano com uma geração de caixa absurda e pagando dividendo e recomprando ação.”

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